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Yes We Can(ada)

Yes We Can(ada)

Um bebé Canadiano!

Não precisam dizer nada! Já sabemos que não vamos ganhar os blogues do ano! Há mais de 6 meses que não púnhamos aqui as mãos, bem sabemos que perdemos toda uma legião de fãs 

 

Tirando a ferrugem das mãozinhas...

Decidimos escrever sobre este tema, não vá alguém estar com ideias de se meter na loucura linda aventura de ter um filho no Canadá, longe de tudo e de todos!

 

First things first, falemos da gravidez. Durante a gravidez fomos acompanhados no hospital público por uma obstetra (que apenas por coincidência de turnos, seria a mesma no dia do parto). Não existe escolha do local, é sempre público. A única coisa que se pode escolher é o tipo de acompanhamento, obstetra ou parteira. Existe também a hipótese de parto domiciliar Deus ma livre.

O acompanhamento foi óptimo, todos os exames e análises foram feitos no mesmo local, mas existem algumas diferenças para Portugal. Só são feitas, por norma, duas ecografias (12 e 20 semanas), podendo haver mais, se assim for necessário. O teste de diabetes gestacional também é diferente, sendo feita apenas uma colheita, uma hora após a toma da glicose. O rastreio combinado do primeiro trimestre, tem três fases em vez de duas, e o resultado só é conhecido já bem dentro do segundo trimestre (pelo que percebemos, diminui consideravelmente os falsos positivos, mas aumenta a ansiedade). De resto, tudo correu de forma mais ou menos semelhante, com a periodicidade das consultas a aumentar com o passar das semanas. 

No curso de preparação para o parto, ficamos com a sensação que a matéria deve ser leccionada na escola, tal foi a superficialidade com que os temas foram abordados, mas deu sempre para reter qualquer coisa. 

No que toca ao civismo com grávidas e pessoas com bebés ao colo, os canadianos, surpreendentemente, deixam MUITO a desejar. Nunca perguntaram se queria sentar, passar na fila (não existem filas prioritárias, o que normalmente não incomoda, mas numa situação em que a mãe tenha obrigatoriamente que comparecer, pode dar algum jeito) e chegaram mesmo ao ponto de "atropelar" e mal tratar... 

 

Quanto ao parto, no nosso caso programado, pois esta bolinha estava com preguiça, fomos recebidos por uma enfermeira que nos acompanhou, exclusivamente, o dia todo. Ficamos num quarto gigante, super confortável, e podíamos levar, segundo palavras da médica, o número de pessoas que quiséssemos, para assistir ao parto. Acreditamos que se fosse algum membro dos Kelly Family, eles imporiam um limite (ohhhh nostalgia)  A equipa médica foi fantástica, super dedicados, bem humorados. Explicaram sempre claramente todos os procedimentos. Adorámos. Após o parto, fomos transferidos para um quarto privado, optámos por pagar por esta modalidade para termos mais privacidade, mas arrependemo-nos de imediato. O quarto era minúsculo, sem grandes condições para o acompanhante dormir. Não fosse o valor do quarto canalizado para solidariedade e o arrependimento teria sido ainda maior. Tirando essa questão, o tratamento continuou impecável, super dedicado, tendo a enfermeira até ficado com o Gustavo durante a noite para podermos descansar um pouco. A estadia foi curta, não chegou a 48 horas, o que é a regra por estes lados, correndo tudo bem. 

 

Pediatras, say what Vamos no terceiro e, finalmente, achamos ter acertado! Foi a especialidade que mais nos decepcionou no Canadá, ou melhor, os pediatras do hospital são óptimos, já os pediatras que fazem as consultas de acompanhamento, não sabemos porquê, deixam muito a desejar. Ao segundo, começamos a achar que íamos ter de apanhar um avião a cada dois meses, para o bebé ser acompanhado em Portugal. 

 

Em relação ao produtos de bebé, mais uma desilusão. Tivemos muitas dificuldades para escolher o ovo, o carrinho, entre outros, pois existe pouca variedade e em alguns casos a qualidade deixa muito a desejar. Umas simples compressas para a muda da fralda, pura e simplesmente, não existem. A roupa é outro pesadelo, mas olhando à nossa volta conseguimos perceber que o problema é nosso, é uma questão cultural. Os canadianos não vestem os bebés/crianças com o primor a que estamos habituados. Os preços são também uma questão relevante. O leite adaptado, por exemplo, custa o dobro do que em Portugal.

 

O clima é também um problema para quem tem um recém-nascido. Ou está um calor infernal e não se pode sair à rua, ou de repente e sem dar por ela, o Outono transformou-se em Inverno, estão menos muitos e lá se foram os possíveis passeios outonais!

 

No nosso caso não precisamos, mas temos ideia de que a creche/ama ronda os 1000$/mês, o que é assim um absurdo, mesmo para o nível de vida canadiano, ainda mais, quando a média de filhos por casal ronda as 3 crianças. Talvez por isso, muitas mulheres optem por deixar de trabalhar até os filhos entrarem na escola primária, que já não é paga. Valha ao menos a licença de maternidade que pode ir até aos 18 meses!

 

RegistoSim, temos de beber para esquecer o pesadelo que foi registar um bebé com nomes portugueses, e nomes dos pais portugueses, no Canadá, onde os acentos são algo vindo do além. Fizemos o registo online, com os devidos acentos, e tínhamos menos de 2 meses para receber o registo, que demora perto de 6 semanas, e tirar o passaporte para podermos viajar para Portugal. Tudo corria bem, até que recebemos uma chamada a dizer que o nome do pai não estava correcto, onde tinha acentos, estavam a sair caractéres estranhos, e tivemos de refazer o pedido online. Certificamo-nos com o serviço que o nome estava correcto, e eles procederam à impressão do registo, já em urgência máxima. Recebemos o registo em casa, e guess what, o nome da MÃE estava errado!!! Liliana Patr Cia Carneiro Gon Alves!! YES!!! Lá tivemos de ligar novamente, soletrar o nome, e pedir a maior urgência. Do outro lado ouvimos o típico I'm Sorry (como se isso pagasse bilhetes de avião), e que teríamos de enviar o certificado errado para trás, para que então emitissem um novo! TIC TAC TIC TAC Enviamos, e o registo correcto lá chegou, uma semana antes da viagem, mesmo a tempo de pedir um passaporte com urgência e pagar a respectiva taxa. Ohhhh Canada!

 

Para terminar, mais uma curiosidade, apesar dos canadianos serem muito obcecados no contacto com as crianças, nas creches e escolas não há contacto físico com as crianças (um abraço, uma festinha, nada!), param sempre para olhar, falar perto da cara e se nós não estivéssemos já com cara de quem os vai comer vivos, tocar no Gustavo! 

 

Até breve, que é como quem diz 

 

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